25 setembro, 2009

Diagnóstico duma paixão



Benfica, nome e corpo de mulher
Serenata na Luz
Numa chama que seduz

Sintomas que sinto,
Desejos que pressinto,
Na geometria do teu decote,
Nas formas desnudadas em que te imagino,
No desnorte!
Adivinho carícias no jogo das escondidas...
Na pigmentação encarnada do teu rosto,
No soslaio dos teus olhos,
Encontro a minha alma descarada
Dúvidas quanto à essência de amigo
Quando admiro o teu umbigo
Não há ciência nem ficção,
Talvez pertinência duma tesão
O patamar no qual te vejo
Depende do medo do teu beijo
A busca do teu sexo não é objectivo,
É reflexo dum não sem motivo
Na mentira desta confissão
Reside o fingimento desta relação
Sem nome nem predicado,
Alcanço as margens do pecado
E vagueio por esse rio,
Como animal com cio...
Tu és as margens
Eu sou a água
O rio traz as imagens
Duma loucura sem mágoa
Palavras, apenas palavras
Símbolos retratados
No livro dos desvairados
No entanto, aqui ficam escritas,
No tribunal dos eremitas
O acusado é o tempo.
O réu a cobardia
O caso é passado
Nas fronteiras da ousadia
Na química duma ausência
Encoberta pelo olhar da transparência
Devaneios e desequilíbrios,
Princípios sem meios
É linguagem codificada
Pela alma amaldiçoada.
A maldição?
Descobre-a nesta mensagem,
Na razão duma passagem
Sem confissões nem paixões ou demais,
Apenas instinto de animais
Já vai longo o episódio,
Aqui termino o inglório
Para ti, Benfica,
Mulher com alma de Águia,
Envio o sorriso da plenitude,
A sedução dum fingimento
E a virtude deste momento

22 setembro, 2009

Não volto a explicar!

Os nossos adversários apresentam uma enorme vantagem sobre nós, que é a falta de escrúpulos que eles têm tanto orgulho em exibir. Eles sabem muito bem que somos muito sensíveis no que respeita aos casos de arbitragem porque temos sido sistematicamente e profundamente prejudicados desde que a liga tem a pronúncia do norte e deixa os restos para quem se contenta com o primeiro lugar dos últimos. Não sabemos lidar muito bem com supostos benefícios que nos querem fazer crer que existem porque reconhecem que nós antes queremos perder bem do que ganhar mal, só um adepto benfiquista pensa assim, mais nenhum. Para eles que estão habituados a que se jogue futebol também dentro do campo não há qualquer problema em lidar com os benefícios semanais, para eles tanto melhor ganhar à vigarice do que perder. Entre os lances do Aimar, a mão inventada em Alvalade e a placagem do Álvaro Pereira a diferença é bizarra e só quem tem cara de cu, como o Gilherme Aguiar, é que faz que não vê, porque destas três jogadas, a única que foi bem ajuizada foi a do Jorge Sousa, vá-se lá saber porquê, coisas que acontecem, escritas direitas por linhas tortas, as leis universais não perdoam, podem demorar, mas chegam. O penalty é indiscutível e vou explicar mais uma vez de forma muito resumida. Se o jogador do Leiria SÓ TOCASSE NA BOLA, obviamente, não era penalty. Mas como o indivíduo faz JOGO PERIGOSO, tocando na bola e ATROPELANDO o adversário, PROIBINDO-O de disputar a bola é claro penalty, já que é DENTRO DA ÁREA, ponto final. Parágrafo.

A única HIPÓTESE deste lance não ser ajuizado como grande penalidade era a de se trocar o jogador do Leiria pelo BRUNO ALVES, aí sim, era uma disputa de bola honesta e de grande capacidade atlética sem colocar em causa a integridade do adversário.

Quanto aos escrúpulos, ainda que muitas vezes nos prejudiquem, cá os vamos mantendo. Parece que ganhamos muito pouco nos últimos anos mas, ainda assim, as maternidades vão fazendo benfiquistas em série. Pequenas coisas que marcam a diferença para aqueles que pensam que compram adeptos.

21 setembro, 2009

Análise Isenta de Imposto

Que fique bem claro, nós benfiquistas não gostamos de penaltis, nem contra nem a favor, quer sejam bem ou mal assinalados. Mas há um exercício que eu gostaria de propor aos nossos adversários que sofrem muito de azia quando o Benfica não é prejudicado. Nós também estamos incrédulos, porque chegou o dia em que o Jorge Sousa marcou um penalti decisivo ao glorioso. Aleluia!
A cada lance duvidoso do meu clube eu substituo sempre o jogador em causa por um jogador adversário e depois comparo com lances idênticos que já se passaram com esses mesmos jogadores. Isso dá-me um distanciamento em relação ao fanatismo pelo meu clube e um princípio de isenção de que não abdico. Ora bem, então façam lá esse esforço, substituam o Aimar pelo Liedson ou pelo Lisandro. Vêm, não custa nada, o penalti é indiscutível. E já que a isenção não paga imposto lembrem-se de que a regra não é a de se chegar primeiro à bola, mas sim chegar à bola sem comprometer a integridade física do adversário, porque se fosse no meio campo aquele lance era para amarelo e se fosse o David Luiz a fazer aquilo tenho cá para mim que vinha para a rua. Enfim, mas porque é que nós, benfiquistas, temos de explicar tudo muito bem espremidinho como se os nossos adversários fossem muito burros, há coisas do arco da velha…Parece que temos sempre de justificar o injustificável, porque a superioridade foi inquestionável e a vitória indiscutível.

04 setembro, 2009

Poema Encarnado

A poesia sai à rua de meias e camisolas vermelhas
Calções brancos e traje de gloria
Versos e magia desenhados num inferno de lutas velhas
Transformado numa catedral de orgulho e história


A música sai à rua pelas asas da águia
Que rompem o céu e o transformam numa pauta
Dançam as nuvens inventadas numa grande área
Ao som de golos soprados de uma flauta


A pintura sai à rua mascarada de relvado
Numa tela perfeita pintada de luz
Em traços nascidos de um tal estado
Que lembram um paraíso que nos seduz


Sai à rua o teatro da verdade
E o espírito encarnado da Liberdade
Representado assim num palco de sonho
Numa assistência de milhões, que personifica
Com onze actores num papel risonho,
A alma conjunta que nos faz ser do Benfica

03 setembro, 2009

O verdadeiro cartão de crédito




Ele abriu a carteira e pediu a conta. Do lado de lá da mesa a namorada, cansada mas em paz, num final de dia da semana em que ainda se pensa nas férias e se esquece que se volta ao ritmo monótono do trabalho. Era o dia do seu aniversário, anunciado primeiro com umas flores e logo celebrado com um leitãozinho, regado com um vinho frisante da casa, que adiantava o horário do sono. O empregado de mesa aproximou-se e, com delicadeza, colocou a factura num prato em cima da mesa. Vou pagar com cartão, pode ser visa ou multibanco? O senhor de meia-idade, de brilho pintado nos olhos e mascarado de espontaneidade, agarrou na carteira, tirou de lá um cartão que mal se via e respondeu, pode pagar com este! As portas que um cartão de sócio abrem, para lá do inferno da luz ou dos descontos no combustível…