29 outubro, 2009

Os poetas do rectângulo

Lá vai Aimar, baixo e altivo
Bola nos pés, olhos no céu
Como se inventasse um adjectivo
Escrito por uma caneta
Em que o verso é o troféu
Da magia única de um poeta

Onde está o Saviola?
Que sem se dar por ele aparece
Saído de uma cartola
Como coelho renascido
Num truque que nos aquece
Um coração que deixou de ser dorido

Homem de ganas, alma de guerreiro
Javi Garcia entra na batalha
Com o espírito abnegado de bombeiro
Jurando fidelidade a cada lance
Lutando com um corpo de muralha
Numa luta ousada sem alcance

A velocidade da técnica vem a seguir
Com um Di Maria irresistível
A cada jogada prestes a explodir
Como as labaredas de um vulcão
Dizimando adversários de nível
Como um génio em erupção

Para outros, técnica é eficácia
A cada remate uma sentença
A cada golo uma audácia
De um Cardozo imperdoável
Que se ri perante a evidência
De não parar perante o imparável

Quem é aquele franzino da direita?
Dizem que tem o cheiro do Quénia
E que traz a vontade à espreita
De correr uma corrida sem meta
O Ramires merece uma vénia
Porque corre sem fome de vedeta

Do carácter do Nuno Gomes
E do Mantorras na liderança
Podem surgir outros nomes
Keirrisson, Weldon e Nelson Oliveira
Que com qualidade e perseverança
Vão alcançar vitórias sem fronteira

Ao Felipe Menezes e Carlos Martins
Uma palavra de apreço
Jogadores de classe e afins
Que com toques de Rui Costa
Nos darão um novo endereço
De vitorias, como a melhor resposta

Para o equilíbrio da obra
Maxi, Luisão, Peixoto e David Luiz
Shaffer, Sidney e Miguel Victor de sobra
Sem esquecer o Ruben, o Rodrik e o Coentrão
Que fazem esquecer o apito do juiz
Com tantos truques no coração

De júlio césar, Quim e Moreira
Se espera o esperado
Que guardem a baliza à sua maneira
E que honrem o nome desta equipa
Como fizeram Borges Coutinho e Vieira
Porque a História é o futuro deste Benfica

15 outubro, 2009

Uma vitória é um poema

Escrevo com a esperança de que ninguém leia. Assim fico mais livre e menos sujeito às pressões. Escrevo para misturar e baralhar palavras, depois sirvo-as à mesa do silêncio, com doses de loucura e ousadia. O acto de escrever para nós próprios ajuda-nos a conhecer o desconhecido, a alcançar o inalcançável, é como se nos divertíssemos e passássemos o tempo pela escrita que vem dos dedos do nosso lado inconsciente e isso faz-nos perceber quem poderemos ser para nós mesmos. Um texto escrito para mim mesmo apresenta-se como um espelho da alma, como um desabafo esquizofrénico que há em mim e com isso me liberto e me escondo num jogo das escondidas pelos outros, e escrevo o melhor que há em mim.
Os jogadores do Benfica deveriam jogar para eles próprios, serem verdadeiramente honestos, jogarem de forma a que eles mesmos batam palmas e se emocionem. Deveriam a cada lance disputá-lo como só eles sabem que são capazes, transformando-o em magia que só eles sabem que têm. Deveriam ouvir o treinador como fossem eles o próprio treinador pela voz de um Jesus. Deveriam olhar as bancadas e verem-se nelas, sentados, a roer as unhas e com uma áurea do tamanho de uma luz imensa. Respeitar o adepto é fazer-se passar por ele, a cada jogada, a cada ousadia, a cada golo, a cada magia. Parece que os nossos jogadores até jogam para eles próprios, batendo palmas com as nossas mãos e chorando lágrimas de alegria pelos nossos olhos, que continuem nessa táctica de jogar um auto-jogo que nos levará ao paraíso do inferno da luz. Ah gloriosos, quantos corações carregam nas vossas botas e quantos espíritos viajam pelo vosso olhar, o Benfica é mesmo assim, o Benfica és tu vestido nele e ele investido em ti.

09 outubro, 2009

Bom Fim-de-semana!

Pedi uma entrevista ao Futebol mas o certo é que ninguém sabe onde ele para, ou melhor dizendo, ele não para, anda à roda a uma velocidade estonteante mas ninguém o vê, parece que lá para os lados de Benfica o querem trazer de volta mas alguém disse que ele não regressa, nem presta declarações sem haverem alguns ajustes que permitam o seu retorno. Sem isso, nem nas páginas, nem no ecrã, nem na ponta da caneta, só será visto se lhe derem o espaço que ele reivindica: o rectângulo do jogo. Já teve programadas algumas vindas esporádicas ao nosso país mas o certo é que ele defende que só será bem-vindo quando as vitórias deixarem de ser compradas e quando o jogo deixar de ser jogado fora do tapete verde. Existem rumores que ele tem dados uns sinais de esperança, que até anda motivado pelas pessoas que enchem os estádios e que compram os jornais mas sente-se preocupado porque isso reflecte-se agora às custas do sofrimento causado, durante anos, à essência do futebol: uns não percebem que mais vale conquistar um campeonato do que comprar dez e outros preferem segundos lugares ao medo de lutarem pelo primeiro com possibilidades de ficarem em terceiro, e assim se afundam num oceano tenebroso que vai levar outros ao desaire. Enquanto isso, o Futebol talvez apareça por aí num estádio qualquer pintado de vermelho. Está-nos a dar uma segunda oportunidade, tem estado atento e tem gostado do que vê mas desta vez não vai perdoar a quem o quer manter afastado, sei isto de fonte segura.