04 junho, 2009

Conto Infantil - O Clube dos Cravos



Devo avisar que esta história é aconselhada a menores de oito anos, para os outros têm outras histórias, noutros blogs que lhes podem encher as medidas. Quem escreve um conto acrescenta sempre um ponto mas a este conto que agora vou escrever, foram acrescentados muitos e muitos pontos durante muitos e muitos contos. Este episódio não é baseado em ficção ou imaginação, e é suposto ser relatado por uma linguagem que só as crianças conhecem, a da verdade, nua e crua, sem desvios ou desvarios, apenas factos que só as crianças entendem. Para aqueles maiores de oito anos que são coscuvilheiros e que vão ler a história na mesma, lembrem-se da frase que alguém muito sábio disse, quando crescer quero ser criança...

Era uma vez o futebol português, à beira do mar plantado, num país que mais parece um jardim encostado à Espanha, o ultimo território nascido da terra e o primeiro beijando o mar. O futebol português viveu os seus tempos de alegria enquanto os clubes disputavam, não só os jogos mas também os resultados, dentro do campo. Já lá vão cerca de três décadas desde esse tempo, em que as pessoas compravam os seus bilhetes, pegavam nas suas famílias e iam ver a bola, com alegria, com paixão, com desportivismo. Nesse tempo, em que os vossos pais tinham a vossa idade reinava um clube glorioso, que nascera da força do povo, que construiu o seu estádio com os braços dos trabalhadores e dos homens que viam no futebol um universo de verdade, de justiça, de transparência. Um universo tão diferente do dia-a-dia das suas vidas, em que uns já nasciam diferentes dos outros, para mandar, sem que para isso fizessem alguma coisa. O futebol e o Estádio da Luz era o tribunal do povo, onde o sucesso e as vitórias eram conquistadas dentro daquelas quatro linhas, o futebol era a forma de os políticos e os poderosos demonstrarem que Portugal era um país decente, corajoso, glorioso, um país justo e verdadeiro. E por isso o Benfica confundia-se com o próprio futebol português, porque era o clube com valores como a liberdade, o trabalho, a honra e a coragem. Houve alguém que chamou aos benfiquistas de papoilas saltitantes tal a paixão pela liberdade que sentiam, mesmo antes de ela estar implementada no país. Antigamente, Portugal era uma ditadura, essa palavra difícil quer dizer que existiam uns senhores que governavam o país sem que os habitantes os quisessem lá, e então esses senhores viam-se obrigados a aproximarem-se do Benfica para que pudessem ter alguma simpatia e respeito no povo. Nunca o conseguiram porque o Benfica era maior do que o futebol português, maior do que esses senhores que governavam o país e, em 1974, esses senhores foram expulsos pelo poder militar, suportado na vontade popular, liderado por um grande homem, o capitão Salgueiro Maia, que ficou conhecido pelo Capitão de Abril porque a revolução deu-se no mês de Abril. Este episódio ficou conhecido como a Revolução dos Cravos, porque todos os militares, a certa altura, passaram por uma florista e colocaram cravos dentro do cano das espingardas, passando a mensagem de que queriam apenas paz e liberdade, o cravo tem a cor do Benfica e os valores que o clube defende.
Conto-vos este episódio para que entendam que a revolução política e social do país andou sempre em contra à realidade do futebol português. Se num regime mau e oprimido os governantes precisavam do Benfica para assegurarem alguma boa vontade pelo povo, depois da Revolução do 25 de Abril veio a verificar-se o contrário. Num regime político mais livre e democrático o futebol português tomou a direcção inversa. Os valores que dominavam o país antes da Revolução tomaram conta do futebol português, só mudaram as pessoas. Deixaram de haver conquistas, de se disputarem os jogos só e apenas dentro do campo, foi montada uma estratégia em toda a estrutura do futebol português, desde associações regionais a árbitros, desde favores íntimos a entrega de dinheiros por troca de resultados desportivos, ou em envelopes, ou em frutas, ou em viagens, ou em empregos futuros para familiares. A tudo isto se chama de corrupção, mas do Mondego para cima, numa região delimitada pelo espírito mesquinho e numa cidade linda pela sua ribeira, chamam de organização, estratégia, planificação. Já devem ter reparado nisso nos jornais que vocês não devem ler porque são do Homem do Saco, do Bicho Papão, que engana as pessoas para ter os bolsos cheios. Como em tudo na vida existe sempre um líder e existe sempre alguém que ganha com estas poucas-vergonhas... O clube é do Norte e o líder tem apelido de pintainho, é uma adivinha que os vossos pais facilmente vos dirão a resposta. Esse clube continua a liderar com todas estas manobras e não se sabe bem o que vai acontecer nos próximos tempos, já que o que se suspeitava se veio a verificar em publico, aquele clube está viciado a ganhar à vigarice e preocupado para que o Benfica perca à vigarice, é o clube da vigarice. Já devem ter reparado que quando aquele clube joga estão sempre a entoar cânticos ao Benfica e quando o presidente daquele clube fala diz mais dez vezes a palavra Benfica do que a do seu próprio clube, se é que ele não é um benfiquista envergonhado. O clube da vigarice à custa de campeonatos comprados tem ganho bom dinheiro e com isso desviar jogadores do Benfica, desviar árbitros para o Benfica e desviar dinheiros para prejudicar o Benfica, é a sua principal brincadeira, digamos assim.
Ainda existe outro clube. Mas desse não falo porque está sempre encostado ao clube do Norte, porque a sua principal razão de existir é não deixar o Benfica ficar à sua frente.
Esta história podia ser bem mais longa e com muitos mais episódios mas já sei que o João Pestana está a chegar e não quero que vão ter pesadelos. Contei-vos esta história para que vocês digam aquela meia dúzia de amigos que não deviam ser daquele clube porque o bom que o desporto tem é o caminho para alcançar as vitórias e não o caminho para as comprar, mais vale uma vitória do Benfica do que um campeonato ganho pela mentira. Se nós escolhêssemos os nossos clubes pela forma como tratam o desporto então seríamos todos benfiquistas, mas há quem utilize as regras do jogo para que o seu clube ganhe fora do campo. Os dirigentes desse clube estão muito assustados porque com todas as denúncias que se passaram perderam mais adeptos do que se conquistassem dez campeonatos seguidos. É fácil ser-se grande a ganhar mas continuar grande a perder é só para o Benfica, lembrem-se disso e digam lá àqueles vossos amigos que eles não devem ser de quem ganha à vigarice mas sim de quem luta por ganhar com mérito e honra. Boa noite, pequeninos, e não se esqueçam, que qualquer coincidência com a verdade é pura realidade. Bons sonhos e Viva o Benfica, que é a cor do Pai Natal, que vos dá prendinhas sem vocês as terem de comprar...